Antropologia do dinheiro

Crianças aprendem a história do dinheiro

Em 2016, assisti ao painel “Antropologia das Finanças” na Conferência da CVM, no Rio de Janeiro, que contou com a presença de entidades mundiais especialistas em Antropologia do Dinheiro e das Finanças.

Destaco o Dr. Bill Maurer, antropólogo cultural, investigador na Universidade da Califórnia que focaliza o seu estudo nas infraestruturas tecnológicas e nas relações sociais de troca e de pagamento.

Interessante esta abordagem e apresentação do seu trabalho que me levou a recordar uma atividade desenvolvida com o historiador da Câmara Municipal da Vila do Bispo, dois meses antes. Era Dia dos Castelos e juntamente com este técnico preparei uma atividade numa praia simulando uma dinâmica comercial ancestral baseada nas primeiras trocas comerciais. As crianças experimentaram, ludicamente, como os seus conterrâneos, antigamente, comercializavam com os habitantes do norte de África, vindos por mar até às praias da nossa costa algarvia.  Além das trocas diretas comerciais também se simularam pagamentos com ouro em pó e com especiarias.

 

De forma absolutamente lúdica, ali se promoveram aprendizagens e enriquecimento cultural a crianças dos 3 aos 6 anos de idade.

Ainda no âmbito da antropologia do dinheiro, desenvolvi a mesma parceria com o Dr Artur de Jesus, mas dirigida a crianças do 1º ciclo de escolaridade das escolas da Vila do Bispo, de Sagres e de Budens, num total de 65 alunos. Este trabalho foi inserido na atividade de enriquecimento curricular (AEC) sobre o Património que o município disponibiliza aos alunos desta faixa etária.

A apresentação da matéria foi através de um power point de 23 slides ilustrativos da história do dinheiro no mundo, de um dossier de moedas e de notas antigas e atuais, portuguesas e estrangeiras assim como de cartões multibanco. Houve ainda a possibilidade da manipulação pelos alunos, de diversos materiais elucidativos do “dinheiro” de outros tempos, como, por exemplo, as conchas cauris, as primeiras moedas.

 

Recorrendo a uma conversa informal e dando a palavra ao conhecimento que cada aluno tem acerca do dinheiro transmitiu-se a evolução cronológica do dinheiro enquadrando-se na própria história da região e do nosso país. A intenção de aferir a aprendizagem desta “aula” levou à distribuição pelos alunos de uma ficha, ao finalizar a ação. O resultado foi muito positivo com quase 100% de sucesso na aquisição de conhecimento acerca da evolução cronológica da história do dinheiro ao longo dos tempos.

Em algumas turmas o caminho levou-nos a refletir sobre o dinheiro do futuro e o futuro do dinheiro.

Imaginação e criatividade sustentaram algumas teorias dos mais novos.

 

Bill Maurer, o antropólogo financeiro acima referido, não acredita que a moeda física deixe de existir, pois é anónima, fácil de usar, disponível para todos, … pelo contrário, a moeda digital não está ao acesso de qualquer pessoa assim como acontece com os cartões, portanto, vive-se a tendência do uso de diferentes formas de pagamento mas não existe o risco do desaparecimento da moeda física. No entanto, o dinheiro como produto de poupança ou de investimento tem uma abrangência alargada com o recente aparecimento das bitcoins, por exemplo.

Este trabalho teve como objetivo principal levar às crianças, conhecimento e enriquecimento cultural recorrendo à antropologia das finanças e contribuir assim para que a literacia financeira também chegue à escola do 1º ciclo.

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